A partir dessa coluna, Ricardo Melo* responderá as perguntas da comunidade virtual da Você S.A. Mande suas dúvidas sobre planejamento de carreira, qualidade de vida, inteligência emocional, inteligência espiritual e Relações Humanas.
Sou supervisora de vendas de uma grande indústria e tenho muita dificuldade em conciliar as cobranças de meu chefe e uma excessiva carga horária à minha vida pessoal. Minha família reclama que não tenho tempo para eles e minha saúde começou a ficar abalada. Penso em ter uma conversa decisiva com meu superior, mas tenho medo do que pode acontecer, pois preciso do emprego.
Aline, São Paulo, SP
Aline, há um ditado que se adapta bem a sua situação: "Não dá para fazer omelete sem quebrar os ovos". Para que haja equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, não dá para abraçar o mundo com as mãos. É preciso fazer escolhas e escolher implica em abrir mão de algo. Seria importante, antes de você ter uma conversa franca com seu superior, ponderar a respeito do que é prioridade em sua vida hoje. Ao invés de respostas, tenho algumas perguntas para você:
Qual o nível de responsabilidade que você tem para a situação chegar aonde chegou?
Quais são as pequenas mudanças na sua rotina que podem equilibrar a sua vida?
É possível conciliar a função que exerce com horas de descanso preciosas fazendo alguns pequenos ajustes em seus hábitos de vida?
Quais seriam esses ajustes?
Caso seu chefe tenha uma postura intransigente, quais outras opções você terá?
O importante, Aline, é não esquecer que sempre temos outras opções além da que atualmente enxergamos. Quando não estamos vendo nada é porque estamos com a visão prejudicada por nosso estado emocional. Pare, afaste-se um pouco e reflita sobre o que está a seu alcance e sobre o preço que estaria disposta a pagar para ter a qualidade de vida que tanto deseja. Por fim, não tenha pressa em tomar uma decisão, para não se precipitar e depois se arrepender. Quando não podemos quebrar os ovos, vale a pena deixar o omelete para depois.
Tenho 25 anos e moro em Belo Horizonte. Sei que sou uma pessoa criativa, mas me sinto travado. Acho que não quero mais fazer o que faço. Fico abatido para sair de casa e aliviado quando volto. O problema é que não dá para jogar tudo para o alto?
Fabio, Belo Horizonte (MG)
Sua questão é semelhante à de muitas pessoas. Às vezes, o que faz sentido em um momento da vida pode não fazer em outro e somos convidados a refletir sobre nossa situação. Conciliar trabalho e prazer é o desejo de todos nós e, naturalmente, para que essa parceria sempre dê certo, temos que estar atentos aos sinais que o momento que estamos vivendo nos envia.
Você diz que é criativo, mas está travado. Pergunto: essa " trava" é algo passageiro, que pode ser resolvido com alguns dias de férias ou já é algo mais profundo, que o incomoda há algum tempo? Se o incômodo existir há mais tempo, talvez esteja na hora de perguntar se não é um convite para conhecer novos horizontes. Passamos por várias fases em nossa vidas e ter consciência que todas são úteis enquanto duram é fundamental. Para iniciarmos uma nova fase é preciso aceitar o fim da anterior. Pergunte-se:
Ainda faz sentido continuar a fazer o que faz?
Daqui há cinco anos você se enxerga na mesma área?
Caso fosse começar hoje,optaria pelo mesma carreira?
Caso as respostas sejam positivas, é provável que seus incômodos sejam passageiros. Se forem negativas, é hora de olhar para seu futuro profissional com mais atenção, pois você passará o restante de sua vida profissional nele. E, neste contexto, procurar se conhecer e reavaliar seus objetivos seria a alternativa número um.
* Ricardo Melo é consultor em desenvolvimento humano e palestrante. É autor de vários livros na área de qualidade de vida e crescimento profissional e especialista em coaching de executivos, trainees e profissionais liberais.